quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CRIMES POLÍTICOS DE DILMA ROUSSEF - MINHAS CONSIDERAÇÕES

sDe tanto receber emails falando que a Dilma é uma criminosa, inclusive com fotos. Resolve expor aqui algumas considerações sobre o tema.

Prezados,

Apesar de ser apenas uma piadinha, aparentemente sem maiores conseqüências, ela revela um maniqueísmo perverso e ignorante (nada pessoal é claro!)
Digo maniqueísmo porque para o senso comum é mais facíl compreender as relações duais (bem e mal; alto é baixo; BOM e RUIM), todavia, as relações sociais, sobretudo o jogo de interesses que permeia a política vai muito além disso e não podem se restringir à uma abordagem tão simplista.
A nossa Constituição, a lei maior do país e que todos os brasileiros, como pretensos protagonistas de um verdadeiro debate político deveriam conhecer, define que um dos princípios de nosso país em suas relações internacionais é a concessão de asilo político.
O asílo político pode ser entendido como a proteção que um país dá a um nacional de outro país em razão da perseguição que aquela pessoa sofre por motivos ideológicos, religiosos ou políticos. O asilo pode ser concedido inclusive tendo em vista o cometimento de um crime, desde que esse tenha motivação ideológica, religiosa ou política.
O crime político não pode ser confundido como terrorismo, que sem maiores pretensões conceituais, pode ser entendido como a promoção de atitudes violentas contra alvos aleatórios, com a única finalidade de espalhar o medo. O crime político tem alvos políticos, ou seja, o efeito que dele resulta deve promover uma mudança política benéfica no sentido da ampliação e promoção de direitos humanos (somente para citar um exemplo).
Sendo assim, matar o ditador de um país, não pode ser tomado no mesmo contexto de um assassinato simples motivado por razões egoísticas.
Não se quer aqui fazer um apologia da violência, porém não podemos tomar a exceção que foi o sucesso da revolução pacífica de Gandhi como uma regra, pois não! Ela não é uma regra.
A regra histórica é que as conquistas de direitos, a evolução da humanidade tem se dado com o derramamento de sangue.
Ora os revolucionário de São Paulo de 1932 lutavam contra o poder instituído, contra o direito vigente, mas sua causa era nobre: promover a reconstitucionalização do país.
Não há ninguém em sã consciência que ouse considerar os combatentes paulistas de criminosos, ainda que eventualmente mataram algum brasileiro do lado oposto!
Dessa forma, não podemos nos deixar levar pelo discurso manipulador de pessoas que escrevem em nome de personalidades (Arnaldo Jabor, Marilia Gabriela, etc) afirmando que a candidata Dilma é uma criminosa que esconde o seu passado.
Nisso há apenas um verdade: ela esconde o seu passado, mas não porque seja criminoso, mas porque o brasileiro não tem a maturidade política e a INDEPENDÊNCIA IDEOLÓGICA, para compreender que aquilo que ela fez (se é que fez) ou de que participou, foram condutas subsversivas da ordem ocorridas num momento de exceção política.
Diante de um governo ditatorial: assaltar um banco (para obter financiamento), matar soldados que fazem a guarda de torturadores ou representantes do regime, invadir a casa de um governador apoiado pelo governo dos generais não pode ser equiparado a conduta criminosa comum.
Esta mensagem só esta sendo escrita (com liberdade) porque alguém deu a sua vida por isso e independentemente de que lado essa pessoa estava o seu sangue deve ser honrado, porque sendo todo ele vertido evitou que o sangue de muitos continuasse gotejando nos porões da ditadura.
O Brasil é o país do futebol, do samba, enfim, da alegria, mas o brasileiro não pode ignorar seu passado, os anos de paz que vivemos atualmente são apenas poucas horas quando colocados ao lado de séculos de revoluções, guerras e ditaduras.



Era o que eu tinha a dizer...


Alexandre Corrêa